Apaixonado pelo trabalho com a terra, o agricultor Adaudete Souza Augustinho, de Porto Acre, desenvolveu um novo modelo de horta para cultivar as verduras comercializadas no mercado Elias Mansour, em Rio Branco.
A criatividade de Adaudete fez com que a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) reconhecesse sua propriedade como uma unidade de referência produtiva, na região, apta a receber investimentos para viabilizar a visita de outros agricultores interessados em agregar conhecimentos e compartilhar experiências na área de cultivo de hortaliças.
Agricultor construiu leras suspensas para evitar o encharcamento do solo (Foto: Angela Peres/Secom)
“A minha terra é muito encharcada e não servia para produzir hortaliças do modo tradicional. Toda vez que eu plantava a alface, encharcava, sujava ou dava praga. Pensei: ‘Todo mundo faz um canteiro em casa [trepado] e dá certo’. Então, se trepasse o meu alface não iria mais encharcar e eu não precisaria forçar tanto a coluna descendo e subindo”, relembra Augustinho.
A experiência de anos de trabalho agrícola e os estudos que desenvolveu por meio da própria lavoura fizeram com que o agricultor construísse leras suspensas, utilizando madeira e PVC. O investimento de R$ 28 mil no novo modelo de horta foi capitaneado pela Seaprof.
“Já estou há oito meses colhendo deste sistema. Modifiquei novamente, pois observando a plantação de alface percebi que a última fileira de lera ficava muito exposta à umidade e à primeira a luz solar, de modo que nas canaletas do meio as verduras se desenvolvem melhor. Portanto, adaptei novamente. Elas continuam suspensas, mas todas na mesma altura”, explicou.
Agricultura familiar
Na propriedade de dois hectares, conhecida como Colônia São José, vivem Augustinho, a mulher, quatro filhos e uma nora. Todos se sustentam da renda gerada pela agricultura familiar. Em 2016, o produtor comercializou R$ 18 mil, em 45 dias, com a venda de pimenta-de-cheiro. Foi quando decidiu, junto à família, adquirir um automóvel, que auxilia no transporte da mercadoria.
Atualmente, a família tem um rendimento médio de R$ 2 mil por semana, com a venda das hortaliças. Compreendendo a necessidade de expandir os negócios e melhorar a produtividade de sua área, Augustinho construiu um sistema de irrigação que lhe custou o investimento de R$ 35 mil. A plantação de mandioca também foi financiada por meio de crédito agrícola.
Povo empreendedor
Visionário, o agricultor, que criou o modelo de horta suspenso para driblar os problemas de encharcamento do solo, está de olho na criação de peixe e café.
“Já temos uma pequena criação de peixes, que utilizamos apenas para consumo próprio. Quero construir outro açude para produzir pescado e vender. Analisando o mercado, percebi que o café tem um bom preço de revenda e recebe bastante incentivo por parte do estado. Por isso, estou estudando a possibilidade de cultivar o grão aqui na minha colônia”, salientou Augustinho.
Governo parceiro
Com uma política de valorização do ativo ambiental consolidada, o governador Tião Viana tem apostado no desenvolvimento sustentável do estado, por meio do incentivo direto à agricultura de baixo carbono.
Dos R$ 101 milhões destinados à agricultura familiar, em 2017, R$ 2,3 milhões estão sendo executados em Porto Acre, por meio do plano agrícola desenvolvido pela Seaprof, que beneficia 581 famílias de produtores.
O agricultor estuda a possibilidade de investir em novas cadeias produtivas (Foto: Angela Peres/Secom)
No município, o governo tem potencializado o fomento das cadeias produtivas da borracha, meliponicultura, horticultura, piscicultura e fruticultura. Há ainda investimentos no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), nos Planos de Desenvolvimento Comunitários (PDCs), na implantação de Unidades de Referência, bem como nas ações de mecanização agrícola.
Segundo o secretário de Estado de Produção Familiar, João Thaumaturgo Neto, o conjunto dessas ações irá proporcionar o aumento da renda familiar dos agricultores, extrativistas e ribeirinhos, bem como a melhoria na qualidade de vida e, ainda, garantir o uso sustentável dos recursos naturais, consolidando a agricultura familiar de baixo carbono”, disse.
Por Maria Meirelles Imagens: Pedro Devani e Angela Peres/Secom Diagramação: Andrey Santana
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