Na filmagem ela nega que tinha conhecimento do crime, mas admite ter abrigado um dos suspeitos na própria casa um dia antes do ocorrido. Ação deixou 11 presos fugirem e 5 foram recapturados.
própria casa um dia antes do ocorrido. Ação deixou 11 presos fugirem e 5 foram recapturados.
Presa suspeita de participar de explosão de presídio em Guapó
A presa suspeita de arquitetar explosão em presídio de Guapó, na Região Metropolitana de Goiânia, Mayara Camargo de Souza, negou ter participado do crime em depoimento à Polícia Civil, nesta sexta-feira (14). Ela afirma que um dos suspeitos de cometer o crime chegou a dormir na casa dela um dia antes, mas ela conta que não sabia o que o grupo planejava.
Segundo o delegado responsável pelo caso, André Fleury, a mulher foi presa nesta sexta-feira na casa de amigos em Abadia de Goiás, no centro do estado. Ainda conforme o investigador, a suspeita tem união estável com o preso Diemerson de Sousa, vulgo Pará, que estava preso no presídio de Guapó e também estaria organizando a explosão.
Fleury destaca que a suspeita ofereceu a própria casa para os também suspeitos de participar da explosão Lucas Coelho Costa, de 19 anos, João Wellington Lira do Nascimento, de 19, e Higor Lemes da Silva, de 20.
A reportagem não encontrou a defesa dos suspeitos para comentar as acusações.
“Meu namorado me ligou e falou que os meninos iriam lá para casa, mas nunca que eu imaginei que seria para isso [explodir o presídio]. O Lucas eu já conhecia, mas não sabia que era para explodir presídio. Só o Lucas posou [dormiu] lá em casa e saiu cedo, ninguém foi buscar ele. Só o vi até na hora que ele saiu. Eu não sabia de nada. Os outros dois eu não conheço e não ficaram lá em casa”, explicou na filmagem cedida pela Polícia Civil.
Ainda na gravação ela afirma que soube da prisão do trio suspeito de realizar a explosão e que eles estavam na casa da mãe dela quando foram detidos.
“Depois do que aconteceu eles foram lá para o lado da minha mãe, mas nem minha mãe conhecia eles. Quando eles foram presos [na casa da minha mãe], eu não estava. Soube porque depois minha mãe me avisou. Falou que se eu estivesse envolvida no meio deles eu tinha que aparecer, que não deveria correr não. Não fiquei sabendo dessas intimações. Se eu soubesse teria vindo. [Minha mãe] não me falou dessas intimações”, completou.
Mayara Camargo de Souza é presa suspeita de planejar a explosão do presídio
de Guapó (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
'Amor bandido'
Fleury destaca que a mulher não tem antecedentes. Segundo ele, a presa acabou se envolvendo no crime por causa do namorado.
“É o amor bandido. Ela se envolveu com um criminoso e começou a entrar no mundo do crime. A explosão era para libertar ele [namorado da suspeita], que conseguiu fugir e foi recapturado. Tenho convicção de que ela ajudou nesse planejamento por ter cedido a casa, os criminosos ficaram lá, não tinha como não saber que iam explodir o presídio”, afirmou ao G1.
O delegado informou ainda que a mulher deve responder pelos mesmos crimes que os demais suspeitos: associação criminosa, posse ilegal de arma de fogo, explosão, tentativa de homicídio, dano qualificado e roubo. Somadas as penas dos crimes ultrapassam os 30 anos de detenção.
Grupo explode fundos de presídio e destrói casa em Guapó (Foto: Vitor Santana/G1 )
Explosão
A fuga aconteceu na manhã do dia 30 de maio deste ano. Criminosos arrebentaram o portão da residência que fica ao lado do presídio, entraram na casa e agrediram a moradora, Taynna Karita Silva Barros, de 20 anos.
Após fazer a jovem refém por dez minutos, eles detonaram os explosivos para facilitar a fuga dos presos. Onze presos fugiram na ação e cinco haviam sido recapturados até a publicação desta reportagem, conforme a secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP).
Ainda conforme o órgão, "a obra para reforma do presídio de Guapó já foi devidamente licitada e a previsão de que seja concluída em até 20 dias".
Com a destruição da casa, a moradora teve de ser resgatada dos escombros (veja vídeo abaixo). A jovem foi levada ao Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, e liberada dias depois.
Horas após a explosão, três homens foram presos suspeitos de cometer o crime. O trio disse à PM que os presos que encomendaram o crime pagariam R$ 15 mil a eles. Porém, eles não tinham recebido ainda.
De acordo com a investigação, a Polícia Civil apurou que os presos e os suspeitos pela explosão do presídio criaram um grupo em um aplicativo de celular para planejar a fuga. Toda a negociação durou cerca de três semanas.
Apesar da casa ter ficado completamente destruída, a estrutura do presídio não foi abalada. Assim, os presos permanecem na unidade. Ao todo, 87 presos estavam internos o local. O buraco feito em uma das celas, por onde o grupo fugiu, foi tapado com cimento.
Taynna Karita Silva Barros, ferida em explosão de presídio em Guapó (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Prejuízo
O dono da casa em que Taynna morava, o açougueiro Rodrigo Raimundo dos Reis, de 27 anos calcula que teve um prejuízo de R$ 400 mil. Segundo ele, até a fundação do imóvel ficou abalada.
Quando a moradora recebeu alta, prestou depoimento na Polícia Civil. A jovem relatou que foi agredida e que, quando estava embaixo dos escombros, criminosos tentaram encontrá-la para se certificarem que ela havia morrido.
“Os bandidos queriam matá-la porque ela viu o rosto deles. Ela está sofrendo um trauma psicológico muito grande. Disse que foi ameaçada sob uma arma de fogo, que vasculharam a casa à procura de pessoas e que, por cerca de 10 minutos recebeu coronhadas. Após a explosão, eles queriam ter certeza que ela tinha morrido, mas não a acharam nos escombros”, contou ao G1 o delegado Carlos Levegger, que a ouviu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário